Muitas relações sociais são na sua essência mais opressoras e manipuladoras que a própria ditadura. Com conceitos inatingíveis, fingem um falso brilho de “glamour”, criando um modelo de ser baseado em valores externos e não essenciais, principalmente pelas crianças e adolescentes. A família se omite frente a isso, enquanto a escola luta para reverter essa situação.
Quando um produto é colocado no mercado, não há uma análise crítica de certo ou errado. Simplesmente eles existem e forma-se uma necessidade de ser comprado e utilizado. Parece que há apenas um modelo imposto, o qual deve ser buscado incessantemente para estar incluído. Por mais que se fale de inclusão da diversidade, em determinados locais, se o indivíduo não estiver “contextualizado” é barrado.
Em não havendo tal análise crítica, o indivíduo – que não é mais indivíduo e sim parte sem identificação individual, mas de massa, abre mão das características próprias para estar igual ao todo. Deixa-se de participar de uma confraternização por não ter comprado esse ou aquele produto, quase enlouquece por não ter emagrecido dois quilos, passa iludido com um futuro milionário no futebol sem ao menos levantar da cadeira e treinar para chegar a tal ponto. Pensar as relações com base nos modelos é fazer o jogo da inclusão e exclusão. Quem acompanha inclui-se, que não acompanha excluído está.
Nessa ordem (não tão nova) o indivíduo parece estar proibido de errar. Diante dos padrões de “super homem” e “mulher maravilha” que indiretamente exclui-se a possibilidade de erro, cria-se uma luta psicológica no ser em formação, o qual tenta resolver no ambiente escolar, com professores que também passam por essa mesma problemática em suas casas.
A escola tem que trabalhar com uma realidade que se elege-se, não por consentimento, mas por omissão, padrões de comportamento e consumo que engessam a condição humana evitando o reconhecimento enquanto ser. Os professores devem trabalhar com crianças e adolescentes que possuem a ideia de que para ser “bom” é preciso possuir algo considerado da moda, antes mesmo do “ser” alguém. Lutam contra um jogo de ideias que são tidas como leis absolutas e verdadeiras.
No entanto, é preciso haver um ataque a esses argumentos que modifique esses modelos vazios por estruturas fortalecidas de ser “ser humano” e não objetos mecanizados, manipulados por pseudovalores. E, para isso, deve haver uma união de forças no mesmo sentido e não o cenário que nota-se nos dias atuais: de um lado a família que não filtra as informações a que suas crianças e adolescentes tem acesso, e de outro as escolas que tentam cada vez mais construir um conhecimento crítico e consistente.
Um comentário:
...E acontece o pior: aquele educador que não entra neste jogo, muitas vezes é excluído e se ele não estiver firme, acaba cedendo por questão de sobrevivência.
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