André Gilberto Boelter Ribeiro
Textos, Artigos Públicados, Reportagens citadas, Fotos, entre outros assuntos.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
COISAS DE CIDADE GRANDE!
Parece ser inoportuno abordar um tema que não se refere em nosso contexto. No entanto, é preciso abordar melhor o tema: “coisas de cidade grande”. Esse interesse surgiu após ouvir murmúrios de que realizar um evento voltado a literatura (II café literário em Dois Irmãos das Missões) não cabe a pequenos municípios e que isso é “coisa de cidade grande”.
Uma das piores ações do ser humano é pensar que não é digno de usufruir dos bons acontecimentos da vida. Existem pessoas que perdem oportunidades grandiosas por não se considerar capazes ou dignas para tal. Pessoas que deixam de ir a uma festa ou uma simples pescaria, deixam de realizar desejos por estarem presos a determinados mitos. As pessoas acreditam que determinadas coisas não lhes podem ser permitidas devido a localização geográfica, ou seja, por não morar numa região mais urbanizada, não possam e nem devam se interessar por dados assuntos.
As pessoas perdem a oportunidade de ter conhecimento por preconceito. Saber falar uma língua, conhecer outras culturas, entender sobre outros assuntos não significa desfazer-se de sua própria cultura, pelo contrário, significa reconhecer e valorizar a sua própria. As coisas da sociedade atual são tão transitórias que não é possível prever o que encontraremos pelo caminho nos próximos dias. Então, dispensar conhecer coisas novas é negar a si próprio a oportunidade de crescimento.
Atualmente o conhecimento e os eventos estão universalizados, rompendo-se a barreira geográfica (chamada aldeia global). Excluir-se desse movimento é optar por ficar em estado de inanição social, optando por um estado de “bulimia” intelectual, onde tudo o que se deveria aprender é regurgitado, numa ação auto-destrutiva.
Utilizar-se da expressão “coisas de cidade grande” é antes de qualquer coisa, inferiorizar sua própria condição interiorana, pois muitos municípios do interior brasileiro são mais ricos em qualidade de vida e informação que muitas cidades. É dizer “não temos o direito de experimentar tal iguaria”. Nada impede que um agricultor tenha em sua sala livros de diversos gêneros, nada impede que uma agricultora seja uma pintora e amante da arte estrangeira, muito menos que um jovem tenha afinidade e habilidade com um instrumento musical que não tenha relação com sua cultura. De outro modo, nada impede de um grande executivo cultive, por exemplo, minhocas ou tenha uma horta em seu apartamento, nada impede que um grande empresário tenha habilidades adicionais atividades agrícolas, como uma ou duas vacas leiteiras.
As cidades já não são mais iguais aquelas de duas décadas passada, muito menos o interior é igual ao da época da democratização política brasileira. Valorizar aquilo que se tem de melhor na sociedade em que se vive e buscar o que é importante em outras sociedades é a chave para que sejamos possuidores de capacidade de transformar o nosso meio. O local onde vivemos é reflexo e produto daquilo que somos.
E a partir disso, quem sabe muitas pessoas precisem ir para “cidade grande” para descobrir que grande parte das coisas importantes está nas pequenas coisas do campo. Existem pessoas gastando milhões em busca de uma vida saudável, almejando uma mata nativa para praticar uma caminha, um rio ainda não poluído para nadar livremente, a escuridão da noite para se encantar com o brilho das estrelas, o sabor natural dos alimentos, entre outras coisas.
Marcadores:
DESENVOLVIMENTO; EXCLUSÃO; INTERIOR; CAMPESINO
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