André Gilberto Boelter Ribeiro


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domingo, 28 de junho de 2009

A Matemática no desenvolvimento da Autonomia da criança

1 INTRODUÇÃO

O processo de ensino e aprendizagem de matemática é possível pela interação que ocorre no ambiente escolar. A primeira questão é como fazer com que o conhecimento de lógico-matemático seja estabelecido e flua no cotidiano escolar de maneira a envolver os educando para a troca significativa.

Como o pensamento lógico-matemático pode ser construído e como ele funciona na ótica de Piaget. Quais são as formas de conhecimento que podem existir considerando o relacionamento da criança com o meio.

Com esse paper, busca-se elucidar a importância do relacionamento entre os indivíduos no ambiente escolar e no desenvolvimento do desenvolvimento da autonomia da criança no processo de construção do pensamento lógico matemático.
2 CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO

Segundo o que Piaget expõe em suas teorias é possível e verificável a passagens dos conhecimentos menos estruturados para os mais estruturados. Tendo ele maior sucesso quando aplicou seus estudos com objetivo de desvendar o universo da aprendizagem infantil. Diante de suas análises e conclusões ele realiza classificações e divisões, das quais pode ser citada a do tipo de conhecimento: conhecimento físico, conhecimento social e conhecimento lógico-matemático.

Para Jacques (2007, p. 38) constitui-se o conhecimento físico pela superioridade da característica visual, onde permite-se observar o objeto, traduzindo na experiência imediata. “É quando identificamos cor, formato, peso, tamanho ou o tipo de material que o objeto é constituído. Até mesmo o conhecimento de soltarmos um objeto e perceber que ele cairá no chão é também um exemplo de conhecimento físico”. O conhecimento social é construído mediante a experiência das relações sociais. Construtos do homem que derivam das experiências vividas no contexto ao qual está inserido.

Por conhecimento lógico matemático é possível acontecer nas coordenações de relações, organizada e estruturada pela mente da criança. A análise do objeto pela criança não é de forma isolada e sim relacional ou comparativa através da diferença e da igualdade. “Os avanços do conhecimento lógico-matemático ocorrem na medida em que a criança consegue, a partir da criação de relações simples entre os objetos, coordenar novas relações”. (JACQUES, 2007, p. 39). Para Silva o raciocínio lógico matemático tem influência em todas as áreas do conhecimento:

O conhecimento lógico-matemático segundo Piaget (1978) é uma construção, e resulta da ação mental da criança sobre o mundo. O conhecimento lógico-matemático não é inerente ao objeto; ele é construído a partir das relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo. Contudo, da mesma forma que o conhecimento físico, ele também é construído a partir das ações sobre os objetos.
O conceito de número é um exemplo de conhecimento lógico-matemático. Ele é uma operação mental, e consiste de relações que não podem ser observáveis. O pensamento lógico-matemático consiste em uma construção mental que se deve a diversos estados de abstração. (SILVA, 2007, p. 6).

Para Gardner o pensamento lógico-matemático tem sua origem nos objetos, ou seja, ele acaba confrontando/comparando objetos, “ordenando-os, reordenando-os e avaliando sua quantidade que a criança pequena adquire seu conhecimento inicial e mais fundamental sobre o domínio lógico-matemático. Deste ponto de vista preliminar, a inteligência lógico-matemática rapidamente torna-se remota do mundo dos objetos materiais” (GARDNER, 1994, p.100).
Partindo dessa classificação como base teórica, pode-se afirmar que o conhecimento tem como fonte dois pontos: o primeiro é externo e o outro é interno. Serão fontes externas o conhecimento físico e o conhecimento social e serão fontes internas o conhecimento lógico-matemático.

Para o reconhecimento da identidade do objeto é preciso lançar mão de dois aspectos, segundo a teoria de Piaget: abstração empírica e abstração reflexiva. Nesse sentido Silva (2004, p. 01) explana que “a abstração empírica consiste em retirar o conhecimento diretamente dos objetos ou das ações exercidas sobre eles; já a abstração reflexionante retira o conhecimento da coordenação das ações sobre os objetos”.

Diante dos dados apresentados deve-se recorrer as explicações de Freire (2000, p. 32) que leciona que a transferência de conhecimento inexiste, porque o docente tem como função primordial a inevitável a instigação ao aprendizado e ao conhecimento. Considerando que o ensino ultrapassa os limites dos muros da escola, nos dias atuais em que se discute a transferência de responsabilidades paternas/familiar para a escola e que a escola concorre com outros meios de informações e tecnológicos na produção e na divulgação de informações, o docente deve interligar o seu trabalho com o contexto social que por si só instiga. Devendo o professor ir além daquilo que o tradicionalismo prega, e se tornar responsável pela utilização máxima das abstrações para um pleno desenvolvimento do processo de conhecimento lógico-matemático.

As informações que a criança carrega ao chegar à escola são importantes, mas elas adquirem maior importância quando eivadas de significados e ordenadas mentalmente. O professor tem como responsabilidade o desenvolvimento amplo das aptidões do aluno, visando a criticidade e a autodeterminação individual. Por isso, a interação entre professor e aluno é importante para o crescimento da autonomia.

A intensidade de trocas de experiências em grupos, comunicação de dúvidas e descobertas, ou seja, quanto mais o aluno usar a oralidade para explicar as representações pictóricas e a escrita mais próximo estará de desenvolver a linguagem matemática. E mais desenvolverá o pensamento lógico-matemático. Com a autonomia desenvolvida do diálogo, o educando a aplicará aos seus conhecimentos lógico-matemáticos com o intuito de promover mudanças no seu meio. O educando poderá de maneira mais eficiente explorar, investigar, representar e construir significados utilizando-se dos signos internos.

3 CONCLUSÃO

Tendo em vista o que foi exposto acima é possível afirmar que para Piaget o conhecimento lógico-matemático é uma pertença biológica que precisa ser desenvolvida nos indivíduos através de processos especiais. O processo lógico-matemático proporciona uma melhor compreensão do mundo e da sociedade para o indivíduo.

O docente ao estar em contato com o educando possui enorme importância porque através de seus estímulos na prática pedagógica o induz no desenvolvimento de sua autonomia. O aluno ao ser instigado pelo professor a realizar determinadas ações, tarefas ou pensamentos acaba tornando-se consciente de seus atos e do motivo das coisas se constituírem como são, havendo assim uma evolução no conhecimento lógico-matemático.

Assim, é possível afirmar que apesar de ser algo interno o indivíduo não nasce com o seu pensamento lógico-matemático pronto, ou seja, ele constrói ao longo de sua trajetória do conhecimento. A importância do desenvolvimento da autonomia da criança no processo de construção do pensamento lógico matemático reside na qualidade e na forma com que ela construirá e na estrutura deste conhecimento. Uma criança com autonomia maior constrói um conhecimento lógico-matemático melhor.


4 REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido - saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

GARDNER, Howard. Estruturas da Mente a Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre. RS. Artes Médicas Sul. 1994.

JACQUES. Eleide Mônica da Veiga. Metodologia e Conteúdos Básicos de Matemática. Associação Leonardo da Vinci (ASSELVI). Indaial: Ed. Asselvi, 2007.

Silva, Vicente Eudes Veras da. O pensamento lógico-matemático, 30 anos após o debate entre piaget e chomsky. Disponível em http://www.anped.org.br/reunioes/28/textos /gt19/gt19697int.doc. Acessado em: 01/05/2008.

Um comentário:

Anônimo disse...

obrigada seu texto me ajudou muito na construção da minha monografia