André Gilberto Boelter Ribeiro


Textos, Artigos Públicados, Reportagens citadas, Fotos, entre outros assuntos.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

ÉTICA APLICADA AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO


1 INTRODUÇÃO


Os homens norteiam seu comportamento com bases em valores expostos pela maioria e consagrados como algo benéfico e justo para a sociedade. O comportamento comum a todos os homens é formado pelas autoridades investidas de poder para que atuem para o bem comum.

A ética sempre foi um valor extremamente social, criado no seio da sociedade visa manter a ordem vigente e a boa relação entre as pessoas. Os valores considerados éticos mudam ao longo do tempo, assim, algumas atitudes consideradas éticas de acordo com os padrões éticos no passado, hoje podem não mais serem aceitos como éticos.

A formação cultural, religiosa, moral de um indivíduo, deve buscas sempre capacitá-lo a refletir, a desenvolver o senso crítico, a participação na sociedade. O presente trabalho tem como objetivo expor o conhecimento científico analisado sob a luz do conceito de ética.


3 CONCEITO DE ÉTICA

Ética é uma construção humana, produto social e humano com valor coercitivo. Não é algo dado pelo divino nem pela natureza, mas sim uma construção de séculos. A ética é dinâmica, ou maleável, porque se modifica ao longo dos anos. Em certos momentos é utilizada pelos aparelhos ideológicos para fortificar seu discurso opressor, maquiada pela premissa de que existe para reger a conduta humana na vida em sociedade.

Ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas não são fáceis de explicar quando alguém pergunta. Tradicionalmente ela é entendida como um estudo, uma reflexão, científica ou filosófica e eventualmente até tecnologia sobre costumes ou ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, conforme os costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações e costumes, pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. (WALLS, 1994, p. 7).

A ética baseia-se na idéia de fim e valor. O valor é imaginário como aquele ideal de bem comum. A idéia de fim é falseada pelo discurso dominante, como sendo importante para a manutenção da ordem e da moralidade.

As normas éticas são aquelas que prescrevem como o homem deve agir. Não são de caráter obrigatório como as jurídicas, mas nem por isso suas sanções são menos impositivas. A ética possui algumas características como a imperatividade, possibilidade de violação, e a imposição ao fato contrário. A ética é a ciência do comportamento humano, e suas normas prescrevem como o homem deve agir. Ela se impõe ao fato que a contraria, não perdendo sua validade mesmo no momento em que é violada. Isso se deve a sua imperatividade, à ordenação de uma direção a ser seguida.

A ética é referência para que a escolha do sujeito seja aceita como um princípio geral que respeite e proteja o ser humano no mundo. Nesse sentido, o ethos, como costumes, articula-se às escolhas que o sujeito faz ao longo da vida. A ética fundamenta a moral, ao expressar a sua natureza reflexiva na sistematização das normas. (FERREIRA, 2001, p. 32).

Por ser imperativa, a ética enuncia algo que “deve ser”, não apenas indicando, ou mesmo aconselhando. É a ética é categórica, ela determina, manda. É uma imposição que mostra o que deve ser feito e seguido. Todavia, ela possibilita a faculdade de segui-la ou não. Por isso, é algo que “deve ser” e não algo que “tenha que ser”. Por isso, a ética se liga a uma sanção, uma conseqüência por sua violação, sendo um meio de garantia de sua realização. E, além disso, ela apesar de ser violada, continua valendo mesmo contra seu transgressor.


4 CONCEITO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E EMPÍRICO

Pode-se denominar conhecimento cientifico como sendo aquele que é racional, tendo a pretensão de ser sistemático e de rever aspectos da realidade. Que segunda as palavras de Tafner (2007, p. 113):

As noções de experiência e verificação são essenciais nas ciências; o conhecimento cientifico deve ser justificado e é sempre passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão. (...) o conhecimento científico não atinge simplesmente os fenômenos na sua manifestação global, mas os atinge em suas causas, na sua constituição intima, caracterizando-se, desta forma, pela capacidade de analisar, de explicar, de desbotar, de justificar, de induzir ou aplicar as leis, de predizer com segurança eventos futuros.

A ciência existe para descobrir as verdades que ainda se fazem ocultas ao homem. Tornando-o sujeito de si, criando coisas até então inimagináveis.

Para Tafner (23007, p. 114) a investigação científica depende de procedimentos especiais, denominados métodos científicos. Gil apud Tafner (idem) ensina que o “método científico é conjunto de processos ou operações mentais que deve empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa”.

O método dedutivo é aplicado quando se quer explicar o conteúdo pelas premissas expostas. Usando-se o silogismo, com duas premissas retira-se a terceira, denominada conclusão. As duas primeiras são chamadas premissa maior, premissa menor e a terceira conclusão.

No método indutivo há a afirmação do concreto, da experiência. Generaliza-se porque todos são. O método indutivo considera o particular para o geral.

No método hipotético-dedutivo o principal objetivo é derrubar a hipótese levantada. Das hipóteses levantadas deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas.

No método científico dialético exige uma constante reflexão que induz a trocas e a reformulações de hipóteses e problemas.

No método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo. Construindo a realidade socialmente, não sendo a única existente, portanto passível de refutação.

O método científico pode ser considerado segundo etapas seqüenciais, segundo Tafner (2007, p. 118):
a) Na observação ocorre a verificação dos problemas, não existe juízo de valor, apenas o conhecimento prévio de que algo está errado;
b) Na problematização são detectadas as evidências de que existe algo errado;
c) No levantamento de hipóteses consideram-se as prováveis soluções para os problemas verificados, devendo ser testável para ser verdadeira;
d) Na experimentação é a prática da hipótese, é o teste em si;
e) Na próxima etapa acontece a comprovação ou a refutação das hipóteses, onde o pesquisador utilizará os dados que ele levantou;
f) Por fim, na conclusão ou generalização acontecem novos questionamentos sobre o problema, “o pesquisador recomeçará o seu trabalho, problematizando novamente e levantando novas hipóteses” (TAFNER, 2007, p. 118).

O conhecimento científico é uma das formas de compreender e conhecer o mundo e o universo em que vivemos. No executar os métodos científicos aparentemente não se consegue vislumbrar o seu caráter ético, ou seja, as ações científicas não se importavam com o que o indivíduo pensava ou deixasse de pensar.

A bomba atômica da Segunda Guerra Mundial é um exemplo da utilização da cientificidade a favor da destruição. Outro exemplo que pode ser citado é são os homens bombas no Oriente Médio, ou os aviões usados no trágico “11 de Setembro”, que até chegar a ser usado com esse intuito foi motivo de muitas lágrimas de seus criadores.

Em contrapartida, o conhecimento cientifico pode ser utilizado para a melhoria na qualidade de vida das pessoas, como os tratamentos contra o câncer que levaram anos de experimentos laboratoriais e ainda continuam investindo nesse sentido. A busca incessante de cura para o vírus da AIDS e os avanços já alcançados demonstram outro exemplo deste uso ético do conhecimento científico.

É preciso analisar o conhecimento científico sob a luz da ética, sem denotarmos para o caráter ideológico dominador desta, para que consigamos imaginar o conhecimento científico com seu uso adequado aos padrões humanos aceitáveis.


5 CONCLUSÃO

O exposto no presente trabalho serve para demonstrar que o conhecimento cientifico pode ser usado para o bem comum ou para o mal. Do mesmo exemplo citado, o avião que é usado para bombardear é usado para resgatar vidas.

Os avanços decorrentes do aumento das pesquisas cientificas ocorridas nas últimas décadas podem e devem ser utilizadas para beneficiar a população em geral e não para ser mais um fator excludente. Se houve descoberta de curas, que essas sejam usadas para que a grande massa seja beneficiada.

Apoiar pesquisas científicas que beneficiem a população em geral, sem discriminação, mesmo que sejam de pequena escala é apoiar o desenvolvimento da sociedade. E que a inclusão científica seja uma realidade presente e não apenas futura para todos os brasileiros.

Somente com a inclusão das massas nos cerne do conhecimento científico, que será utilizado para o bem e não para o mal, é que poderemos falar em um conhecimento cientifico dotado de caráter ético. Caso contrário será mais devastador que o conhecimento vulgar a serviço da injustiça.


5 REFERÊNCIAS

FERREIRA, Amauri Carlos. Ensino Religioso nas fronteiras da ética. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

TAFNER, José. Metodologia do Trabalho Acadêmico. Associação Educacional Leonardo da Vinci (ASSELVI) – Indaial: Ed. ASSELVI, 2007.

VALLS, Álvaro. O que é ética? 9 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.


3 comentários:

Anônimo disse...

Foi de grande importancia tudo o q vc disse sua pesquisa foi de grande ajuda

Anônimo disse...

meu trabalho se deu pelas palavras e entendimento de tal texto, ele foi de grande ajuda e sera assim para outros !

Rosita H S Pereira disse...

Rosita Diz: Foi esclarecedor para pesquisa que fiz, foi usada uma linguagem acessível de fácil entendimento.