Todo
mundo possui pelo menos um espelho em sua casa. Algumas pessoas, dois, três,
quatro e por diante. O que importa nesse momento é que diariamente sua imagem é
refletida nesse objeto enigmático e controverso. Enigmático porque não reflete
o estado real, mas um estado ideal que todo mundo busca de forma incansável.
Controverso, porque ao refletir a própria imagem, reflete uma projeção do nosso
outro idealizado. Algo completamente narcísico! Pois, em alguns casos, o que
vimos não é o que esperávamos ver, tendo que se conformar com a situação ou
partir em busca de mudanças. Em resumo, pensamos: não sou perfeito! E não somos
mesmo.
Embora essa busca pela perfeição seja amparada pela
tecnologia, recursos financeiros suficientes e profissionais altamente
qualificados, o resultado no geral é sempre o mesmo: continuamos sendo
imperfeitos, continuamos tendo alguma característica física ou psicológica que
não nos agrada.
Trato desse assunto da imagem pessoal que não nos
satisfaz para trazer a tona o assunto do outro. Ou seja, se não gostamos e
aceitamos nossa própria imagem que reflete no espelho, será que estamos
preparados para aceitar a identidade dos
outros? Identidade essa que sempre será diversa da nossa própria identidade,
considerando que nos transformamos todos os dias, interna e externamente.
Queremos a perfeição do mundo segundo os nossos
conceitos, ou seja, aquilo que nos incomoda de uma forma ou de outra, tendemos
a excluir de nosso redor ou ignorá-los. Sendo impossíveis essas alternativas,
partimos para o âmbito da intolerância, da agressão física e moral.
Mas o fato é que nossas ações podem desencadear outras
ações, que num futuro tão próximo poderão se voltar contra nossa própria família.
Isto é, trapacear alguém que não possui conhecimentos suficientes em dado
instante, nos coloca a mercê de encontrarmos outras pessoas com maior
conhecimento que nós e recebermos nossa ação com “juros”.
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