Afirmar que a Educação, de uma forma geral, é um campo minado de contradições e de prerrogativas inatingíveis seria impossível se não houvesse a constatação de que a profissão de professor é mister de muitas outras. O professor por mais metódico que seja jamais conseguirá se manter apenas na sua área de formação. Ele é requisitado em todos os cantos, ora como mestre, ora como conselheiro, ora como mão de obra disponível. Considerando isso, é possível discorrer sobre a posição que a educação exige da prática profissional.
O professor é um profissional que ao que parece corre contra aquilo que o mercado de trabalho exige. Pois ao tempo em que os recrutadores de profissionais procuram pessoas que possuam especialização em uma área, conhecimentos sólidos e experiências em tal cargo, o profissional de educação se despe dessas exigências e assume o papel de outros profissionais, mesmo sem formação nenhuma. É um profissional multifacetado e multifuncional, e que não consegue dar conta de toda a exigência do ambiente escolar, deixando de seu trabalho como docente e passando a exercer outras funções e o que é pior, de modo precário.
O ambiente escolar é um raio x da sociedade moderna. Nele verificam-se inúmeros problemas sociais, familiares e individuais dos estudantes e consequentemente de suas famílias. Os tradicionais conselhos de classes, por exemplo, servem de ágora dos problemas que envolvem os agentes da comunidade escolar, extrapolando os dilemas pedagógicos e entrando na órbita da psicologia, do serviço social, dos direitos humanos, da segurança pública, entre outros. É nesse momento, entre outros de convívio coletivo de docentes, que os problemas são verificáveis, e então com a presença desses profissionais poder-se-ia conhecer melhor a situação e agir, melhorando a qualidade de vida dos indivíduos e consequentemente da educação.
É evidente a necessidade de outros profissionais dentro do ambiente escolar para que haja uma elevação no índice de qualidade e que se constate uma real formação cidadã. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais se inventou a interdisciplinaridade, no intuito de maquiar uma deficiência de políticas públicas. Enquanto não houver leis e financiamentos específicos para a inclusão desses e demais profissionais na Escola, os gestores haverão de se contentar em fazer parcerias com voluntários e outros setores públicos para remediar determinadas deficiências educacionais. Já que a sua sanidade depende de um efetivo trabalho profissional dentro do ambiente escolar. A presença de profissionais no ambiente escolar, não somente como visitas esporádicas, mas como parte integrante da comunidade, auxiliará na melhoria da qualidade da educação e terá reflexos na vida em sociedade.