André Gilberto Boelter Ribeiro


Textos, Artigos Públicados, Reportagens citadas, Fotos, entre outros assuntos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

AVALIAÇÃO: DEGRAU OU BARREIRA


Muito se tem discutido sobre o problema das avaliações escolares, principalmente sobre seus objetivos. Professores, alunos e coordenadores pedagógicos debatem exaustivamente sobre a melhor maneira de avaliar e por que avaliar no contexto escolar, de forma a se chegar a uma conclusão que a fundamente. Principalmente por que ela pode exercer diversas funções.
A primeira função é a avaliação a diagnóstica, ou seja, aquele fundada no escopo de conhecer o que o aluno aprendeu e domina sobre certos conteúdos ou habilidades. É uma espécie de sondagem do conhecimento dos alunos e que serve de baliza para a construção do conhecimento coletivo, pois, tanto o professor como o aluno estão abertos a aprendizagem.
Já a avaliação formativa constitui-se no sistema de realizar avaliações antes e depois de uma unidade de estudo. Nesse sistema as provas e exames não são extintos, mas não possuem um objetivo fechado de quantificar. O professor poderá definir as necessidades dos alunos, produzir estratégias para estimular a autonomia, monitorar o progresso dos alunos, bem como acompanhar diariamente o progresso no processo de ensino aprendizagem.
Outra forma de avaliação é a somativa, onde o professor realiza uma prova no final de cada período e assim obtém uma fotografia do conhecimento dos seus alunos. Argumenta-se que com esse tipo de avaliação os professores podem detectar falhas que devem ser corrigidas nas próximas unidades e nos grupos de alunos futuros.
As fortes críticas às formas avaliativas residem no seu objetivo, isto é, na sua existência. Os professores devem ter certeza de qual meta querem atingir com determinada avaliação. Não basta fazer uma prova e dela tirar um resultado que não corresponde ao real. Provas são necessárias, contudo, seu resultado deve ser melhor aproveitado nas escolas para que a avaliação tenha uma finalidade prática na vida dos alunos. Caso isso não corresponda à realidade, a prova é uma barreira para o sucesso escolar.
Acredito que a avaliação que direciona o aluno a andar em determinado caminho, pré-estabelecido pelo professor, é algo que visa o não desenvolvimento do aluno. Os conteúdos devem ser trabalhados e seu conhecimento avaliado numa perspectiva contextualizada. Pois, os alunos não são iguais ou possuem conhecimento homogêneo.
A avaliação deve ser vista na perspectiva de construção confiança na possibilidade do aluno construir as suas próprias verdades e na valorização de suas manifestações e interesses. Nessa perspectiva, o erro e a dúvida deixam de ser sinônimos de falta de conhecimento e passam a ser vistos como um ponto a ser trabalhado no processo de construção de conhecimento. Dependendo da forma como o professor entende o que é a avaliação, ela torna ou degrau (que auxilia na construção do conhecimento) ou uma barreira (que poda o desenvolvimento de futuros cidadãos).

quinta-feira, 10 de março de 2011

EM SEUS PASSOS, O QUE FARIA JESUS?


Esse filme foi baseado no livro de Charles Sheldon com o mesmo titulo. Nessa obra, o reverendo Henry Maxwell, pastor da Primeira Igreja da cidade de Raymond, vive honestamente sua vida confortável e sem contratempos, até o dia em que surge em sua igreja um homem pobre e necessitado.
O episódio o leva a questionar valores e colocar seu modo de vida e prioridades em perspectiva, colocando diante de si a seguinte questão: "O que Jesus faria?". A partir disso, decide propor aos fiéis de sua igreja que se comprometam durante um ano a não fazer nada sem antes perguntar o que Jesus faria na mesma situação. O desenrolar da história descreve a experiência, tanto de satisfação e realização pessoal, como também de conflito e incompreensão que as pessoas vão tendo à medida que se empenham em seguir a proposta apresentada.
O presente filme nos permite relacionar algumas figuras importantes: o pastor com o professor, e os fieis com os alunos. O pastor que estava desmotivado deixava os dias passarem até mesmo cogita a possibilidade de abandonar a profissão. O que não é diferente de muitos de nossos professores, que desanimados não desenvolvem um bom trabalho.
Essa desmotivação do professor atinge diretamente o aluno, o qual não tem interesse em envolver-se com o objeto em voga. Cada um possui uma falsa fé, que nos termos educacionais, corresponderiam a um falso aprendizado, um saber por saber, um prática mecanizada de estudar.
Jesus é uma figura que não pode ser desprezada na análise deste filme. Embora, ele não esteja personificado (por algum ator), a sua existência é um modelo de conduta tanto para o pastor como para os fiéis, não se consegue chegar a uma delimitação exata do que seja Jesus (ou o seu caráter), porém tem-se ele como um exemplo. Da mesma forma, tanto o professor como o aluno, possuem mentalmente um modelo de professor/aluno ideal. Então, quando confrontados pela questão, a reflexão é inevitável.
O “estrangeiro” ou forasteiro é um “meio” de fazer com que as pessoas (nesse caso, o pastor e os fiéis) tenham sua consciência instigada. No caso educacional, o forasteiro é o elemento externo que questiona as práticas pedagógicas e práticas de estudos.


quarta-feira, 2 de março de 2011

PLANOS PÓS-CARNAVAL

É comum ouvirmos dizer que é depois do carnaval que o ano inicia. Assim, aceitando essa máxima, pode-se afirmar que é nesse dia nove de março que iniciou-se efetivamente o dois mil e onze. É valido então fazer algumas questões sobre esse fato: quais são seus planos? O que está no centro de sua expectativa nesse ano novo? O que você deixou de fazer o ano passado será prioridade nesse ano que se inicia?
Parece que estamos relendo um texto sobre planejamento que outrora fora publicado, porém não falaremos disso e sim de motivação. Ao se questionar quais os planos que estão na lista para serem realizados, implicitamente perguntamos se há motivação suficiente para alcançar os objetivos propostos? Não há planejamento que se sustente se não tivermos uma boa dose de ânimo e boa vontade para realizá-los. E isso se dá somente quando temos algum beneficio próprio a ser recebido, mesmo que seja algo extremamente objetivo, como um simples reconhecimento.
Pode-se definir a motivação é uma força interna que move as pessoas a realizarem dada ação ou feito. No entanto, essa motivação não nasce do interior humano por si só, ela depende de um fator externo, quase como se fosse um prêmio pelo alcance de tal objetivo. Não há que se falar em motivação sem falar em satisfação de necessidade. O pessoal sempre está implícito nas relações humanas, independente de qual for a relação.
Tendo em vista isso, cabe questionar sobre o que está no centro das expectativas nesse ano novo que se inicia no pós-carnaval? Se as satisfações das necessidades individuais fazem parte de todo o enredo motivacional, é lícito afirmar que tudo o que realizamos tem um interesse próprio implícito. Cabe então, descobri-lo sempre que parecermos desmotivados, seja desde um reconhecimento no trabalho, elogio ou promoção, ou então uma bonificação pecuniária, por assiduidade ou rendimento, por exemplo. Intrinsecamente a cada objetivo tem-se sempre um desejo/beneficio pessoal, como num elo.
O que você deixou de fazer ou não alcançou no ano passado será prioridade nesse ano que se inicia? Partindo dessa outra questão, volta-se ao ponto da motivação: os desejos do ano passado ainda são relevantes para esse novo ano? Os desejos do ano passado ainda trarão benefícios pessoais para serem realizados. O contexto que envolve os sujeitos determina muitos de seus objetivos e sonhos.
É nesse reinicio de ano, que parece existir somente no Brasil, que são estabelecidas metas e estratégias para um ano que começa com déficit de dois meses de estagnação. Mesmo que muito se questione sobre o porquê de muitos atrasos em nosso país.

terça-feira, 1 de março de 2011

DICA DE LEITURA: MARÇO DE 2011


VERÃO

Novo lançamento do premiado autor sul-africano J. M. Coetzee (Nobel de 2003), Verão é o terceiro livro da trilogia Cenas da vida na província, composta também por Infância e Juventude. Coetzee lança mão de artifícios narrativos refinados para compor um relato de ficção autobiográfica, construído de maneira múltipla e indireta.
Quem estrutura a história é um pesquisador inglês, Vincent, interessado na vida de John Coetzee, autor que já morreu. Para escrever a biografia de Coetzee, Vincent recorre a outras fontes: os Cadernos do autor, com anotações autobiográficas, e entrevistas com pessoas que o conheceram.
O biógrafo concentra-se nos anos 1970, período que precede o reconhecimento literário do jovem John Coetzee, então nos seus trinta anos.
Nesse momento de maturação do jovem, vivia-se a plena vigência do apartheid, e John Coetzee retornava de uma temporada nos Estados Unidos.
John tem de se readaptar a um país em estado social convulsivo, ao convívio com a família tradicional, de ascendência africânder, e às desconfianças com relação ao seu comportamento excêntrico.
Os limites entre ficção e autobiografia se esgarçam nesta obra e permitem que o autor sul-africano componha um retrato admirável de si próprio, em que fala sobre suas limitações e seus desejos, sobre suas posições políticas, filosóficas, pedagógicas e estéticas. Neste excepcional Verão, não há espaço para vaidade ou autocomiseração. Ao contrário, imperam o senso crítico, a autoironia e a inventividade literária.


FONTE DO TEXTO: SITE CIA DAS LETRAS.